terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Da justiça

     De  vez  em  quando  me  lembro  de  um  trecho  da apresentação do livro Com a Graça de Deus, de Fernando Sabino: "Ele gosta mais de uns que de outros. Deus tem as suas predileções: tem uma quedazinha pelas crianças, os mendigos, os doidinhos, os poetas, os pobres-diabos, os humilhados e perseguidos, os que sofrem por amor, enfim, os inocentes. Deve ter lá suas razões. Isso não é injustiça, não: é que a justiça de Deus é diferente da justiça dos homens."
     Embora  não  tenha  mais  fé,  se  é  que  algum  dia  a tive, gosto das palavras do escritor mineiro e acho que essa justiça dos inocentes da qual ele fala é de fato muito mais profunda que a proverbialmente falha justiça dos homens. Lembro-me dela quando penso em você e o alumbramento da sua infância, com sua visão de mundo plena de um vigor, uma verdade e uma poesia que já perdi há tempos. Daí sua alegria, apesar das desventuras de nossas vidas, daí meu lado escuro e o constante assédio da melancolia em virtude da vida que temos perdido. Mas se sou também um que "sofre por amor", ainda haverei de ser incluído nessa justiça de Deus.

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