Hoje, na universidade, conduzi uma atividade em que meus alunos fizeram
uma excelente apresentação sobre Clarice Lispector, centrada no romance A Hora da Estrela e no conto “Laços de
família”. Fiquei feliz com o resultado, pois percebi que eles foram tocados
pela obra da grande escritora brasileira. Muito se falou na questão da
identidade, que é um tema constante de Clarice. Ela mesma, como seus
personagens, foi alguém que se perguntou o tempo todo quem era, nunca tendo
encontrado resposta satisfatória.
De minha parte, vivendo no exterior e tendo passado por diversos
recomeços na vida, sempre preciso encontrar uma ancoragem identitária, me
afirmando como brasileiro, homem, pai, filho, professor, escritor, amante da literatura,
do teatro e do futebol e tantos outros papéis, tantas outras máscaras
que são assumidas às vezes ao longo de um único dia.
Se nesta altura da vida, apesar de meus marcos identitários, não possuo
uma identidade monolítica nem estritamente coerente, imagine-se você na
exuberância de seus oito anos! De todo modo, como o que somos é algo construído
com os outros, quero estar presente em sua vida e ser uma referência para a
construção de sua personalidade, inclusive no que se refere a coisas que você haverá de
negar e não aceitar.