quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Como envergonhar um bonitão

     "Benza-o  Deus,  que  gracinha  de  menino!"  "Mas  que garotinho lindinho, hein!" "Ô bichinho bonito, gente!" "Que olhos ele tem!" Tais eram as galanterias que eu costumava ouvir quando saía por Belo Horizonte ou Divinópolis carregando-o no colo ou no carrinho, quando você era bem pequeno. Naturalmente aquilo inflava o meu orgulho de recém-pai enquanto meu bebê seguia, indiferente, a sugar seu bico. Alguns transeuntes, não resistindo, vinham apertar-lhe a bochecha ou me pediam para pegá-lo no colo um pouco.
     Hoje, já rapazinho e compreendendo melhor as coisas, você tem vergonha que aludam a sua beleza. Por isso às vezes gosto de fazer sua face ficar ruborizada, disparando súbita e brasileiramente, quando o encontro após vários meses distante: "Rapaz, vá ser bonito assim lá na casa do chapéu! As meninas da escola devem suspirar fuuundo quando você passa!" É muito engraçado ver o seu encabulamento, olhando para o chão até que o tiro da situação constrangedora com um "Dá cá um abraço, estou morrendo de saudade".

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