sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Histórias de sua primeira infância

     Quando  me  exercitava  em  alongamentos  num parque perto de casa, hoje pela manhã, depois de correr, vi alguns meninos pequenos que por ali estavam com suas mães e seus brinquedos. Ao terminar os exercícios, enquanto voltava para casa, fiquei me lembrando de você e de algumas histórias engraçadas do tempo em que tinha 3 ou 4 anos, mais ou menos a mesma idade das crianças que brincavam no parque. Como daqui a pouco você já vai entrar na adolescência, costuma sentir uma pontinha de vergonha quando as conto. Mas vamos lá.
     Uma  vez,  quando  estava aprendendo a contar, você recitava: "...dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, dezedez"!
     Numa  outra ocasião, levei-o a um circo. No começo do espetáculo, um casal com pernas de pau cobertas por uma longa calça colorida veio caminhando para o nosso lado. Você os olhou de alto a baixo, virou-se para mim e me fez duas perguntas: "Por que eles são tão grandes assim?" e "Por que eles não têm pé?"
     O  destino  fez  com  que  no  mesmo  dia  estivéssemos brincando perto de uma fonte, na região do Teatro Municipal de São Paulo, quando um anão parou perto de nós. Você o olhou intrigado, tentando entender o que era aquilo, e comentou: "Que meninão pequeno!" Todos em volta, inclusive o próprio anão, começaram a rir.
     Um  dia  você  me  pediu  que  o  levasse  à  sauna  do condomínio onde eu morava. Decidi então levá-lo para ficar cinco minutos. Mas logo ao entrar, sentindo o calor intenso, você esbravejou: "Não, papai, isso aqui é quente demais! É um deserto!" E a experiência não durou nem dez segundos.
     Ao  ver  um  carro  vermelho  passar  velozmente  pela rua, comentei: "É o Relâmpago McQueen!". Ao que você respondeu, com sua entonação peculiar: "Mas ele não tem boca!"
     Uma  vez  levei-o  para me ver jogar futebol no time de minha faculdade, na USP. O jogo era contra o time da Faculdade de Engenharia, nosso rival. Sentei-o junto com nossos jogadores reservas. Por volta dos dez minutos de partida, fiz um gol de cabeça e corri para o banco, a fim de abraçá-lo. Você me abraçou e me beijou, mas se agarrou a meu pescoço e pediu, ou melhor, exigiu colo, querendo que eu voltasse para o jogo com você nos braços... Tive de ser substituído.

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