terça-feira, 1 de setembro de 2015

Um plano para o Rio de Janeiro

     Volto  para  casa  após mais uma extensa viagem sobre o Atlântico. Já passa da meia-noite em Londres e estou cansado. Estive no Rio de Janeiro nos últimos cinco dias. No fim de semana, caminhando pela orla da praia de Ipanema, perto de onde fiquei hospedado, pensei que a cidade é um bom lugar para visitarmos juntos. Na minha próxima ida ao Brasil, quem sabe possamos passar um fim de semana nesse lugar que está em nosso imaginário - com toda a justiça - como a "cidade maravilhosa", bela por excelência? 
     Houve  um  momento  em  que parei para ver uma dessas rodas de capoeira de rua que são uma aula de democracia, da qual participam igualmente negros e brancos, gordinhos e magros, sedentários e atléticos, homens, mulheres e crianças. Embora os membros do grupo jogassem muito bem, inclusive os meninos, quem estivesse em volta e desejasse participar daquela fantástica mistura de luta, canto e dança era sempre bem-vindo. Eu mesmo fui puxado para a roda pelo mestre, vindo a girar meus pés no ar, sobre a cabeça do oponente, dar rabos de arraia e a tentar me equilibrar com as mãos no chão e os pés para cima. Como não sou muito bom nessa arte, cheguei a perder o equilíbrio algumas vezes, mas foi divertido.
     Me  recordo  de  uma  foto  de  vários  anos  passados, quando você tinha três ou quatro anos, em que estamos jogando capoeira juntos. Você apoia as mãos no chão e projeta a perna direita levantada sobre minha cabeça, que obviamente tive de abaixar muito.
     Depois  de  ver  e  participar  da  capoeira  carioca, passei a caminhar pela areia, junto ao mar, debaixo de um sol quente. Foi então que me dei conta de que sou um dos pouquíssimos brasileiros que não gosta de praia. O mar definitivamente não me atrai. Não gosto de tomar sol (e com minha morenice, nem preciso) nem de ficar impregnado de sal pelo corpo. Há vários anos, vivi um ano e meio em Montevidéu, a uma quadra da praia, sem nunca ter entrado naquele mar. Sinto-me bastante mais à vontade na montanha, no deserto, nas vastas planícies, nas estepes, nos cânions. Para piorar a reputação do mar entre minhas afinidades, não sei nadar muito bem. Mas o Rio de Janeiro é muito mais que a bela baía que passeia por entre tantas montanhas, proporcionando uma paisagem de folhinha para cada lado que se olhe. Gosto muito de passear pelo Rio antigo, de visitar os museus da cidade, de ir ao Maracanã numa tarde de domingo, de ouvir o sotaque carioca com seus “s” chiados. Parece que já temos um programa para o próximo verão.

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