quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Tabloides ingleses


     Ao  passar  por  livrarias,  supermercados,  aeroportos  e estações de metrô, não consigo deixar de esticar os olhos para os tabloides ingleses, com suas manchetes de primeira página berrando para atrair nossos olhos. São publicações de baixíssimo nível, ultrassensacionalistas e ultrarreacionárias. Mas, como o exagero costuma descambar para o cômico, de vez em quando até gosto de folhear algum deles para assistir, em suas páginas, ao desfile do grotesco, do vulgar, do chocante, do insólito e da mentira. Algum desavisado que os lesse e acreditasse no que ali se publica, só poderia concluir que já chegamos ao fim do mundo, que a natureza é definitivamente nossa inimiga, que estamos todos em guerra contra todos, que uma multidão de bárbaros habita as nossas cidades, que é só pôr os pés nas ruas para estarmos expostos aos crimes mais hediondos, que os políticos só fazem chupar o nosso sangue, que pessoas famosas vivem numa orgia constante, que degeneração da nossa espécie está escorrendo pelas paredes. Quando acontece alguma catástrofe, imagino os jornalistas nas redações dessas publicações a esfregarem as mãos, pois terão um tema escabroso para explorar ad nauseam.
     Os  donos  desses  veículos  de  imprensa  são  barões  da notícia que vivem em conluio com o que há de mais retrógrado nas forças políticas. Ajudando a fomentar o medo e a indignação vazia, contribuem para pavimentar o caminho para que políticos messiânicos e populistas cheguem ou se mantenham no poder. Ao menos esses tabloides possuem a sinceridade de serem abertamente vulgares, pouco sérios e mesmo risíveis, contrastando com a pseudossofisticação das Folhas de S. Paulo da vida. Isso para não falar lixo jornalístico televisivo.

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