Neste fim de ano acadêmico europeu, é chegada a hora de encerrar um ciclo e deixar o trabalho no qual estive empenhado durante os últimos cinco anos. Há algum tempo eu vinha tendo conflitos com o neoliberalismo da universidade, a absoluta mercantilização do ensino que oferecem e o fanatismo do politicamente correto que ali reina. Como não estava feliz, chegado o fim de meu contrato, ficou decidido que ele não seria renovado e que eu partiria mais uma vez para outro desafio, já que minha vida tem se feito na instabilidade de ciclos que duram quatro, cinco, seis anos.
Sei que voltarei a enfrentar dificuldades por algum tempo, mas não tenho medo de encarar os desafios da vida e me renovar. Tudo indica que sairei de Londres. Há inclusive a possibilidade aportar do outro lado do mundo ou mesmo de retornar ao Brasil, a despeito do que nossa oligarquia vira-lata tem cometido no país ultimamente.
Já estou envolvido numa ciranda de despedidas. Os alunos foram os primeiros a organizar uma noite numa churrascaria brasileira do West End, junto à zona teatral da cidade. Houve discursos, agradecimentos, presentes e um cartão com mensagens de vários deles. Sei que os colegas professores também estão preparando algo do mesmo tipo.
Até conseguir voltar para a universidade, a um departamento com outros valores, vou atuar temporariamente como tradutor e intérprete, usando o português, o espanhol e o francês, línguas que consigo manejar bem. Não pretendo ficar nisso muito tempo, mas terei de suprir o custo de viver numa das cidades mais caras do mundo enquanto me mantiver por aqui.
Ainda sem saber o que vou fazer nos próximos tempos, neste momento tenho ganas de chutar tudo e ir vê-lo, já que terei alguns dias ou mesmo semanas sem nada que me prenda aqui.
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