domingo, 25 de outubro de 2015

Zema e Bob Dylan






     Chego  em  casa  um  pouco  tarde,  tendo  de  viajar amanhã bem cedinho, mas gostaria de escrever sobre a experiência que acabo de vivenciar. Venho do Royal Albert Hall, onde assisti a um concerto do grande Bob Dylan. Em plena maturidade e completo domínio do palco, ele manteve o público atendo por duas horas, cantando canções recentes e alguns clássicos de seu repertório em novos arranjos.
     Lembro-me  agora  de  uma  história  sobre  ele.  Eu devia ter uns 13 ou 14 anos, em Divinópolis. No fim da escola primária e pública, eu escrevi uma ingênua peça de teatro cômica na qual também atuei, juntamente com meu colega de turma Gelber. O diretor da peça foi Zema, nosso professor de Educação Artística, que faleceu há alguns anos. Como Zema era um homem que nos guiava nos meandros das artes, um dia, não me lembro se depois de um ensaio ou uma aula, perguntamos-lhe, à queima-roupa, quem era o maior cantor do mundo. E ele respondeu sem pestanejar: "Bob Dylan". A partir dali passei a ouvir com mais atenção o músico americano e, mais tarde, ao compreender a língua inglesa, a me impressionar com a qualidade de seus versos, sendo também profundamente tocado por sua gaita. Hoje, de vez em quando até saio para correr ouvindo ao telefone canções excepcionais como "Knocking on the heaven's door", "Like a rolling stone", "Mr. Tambourine man", "The times they are a-changing". Porém nunca imaginei que um dia estaria ali, a poucos metros do próprio Bob Dylan. Se Zema estivesse vivo, eu lembraria essa história e lhe mandaria algumas das fotografias que acabei tirando durante a performance do "maior cantor do mundo".

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