segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Viver e escrever

     Há  anos  possuo  um  diário  e  alguns  cadernos  em que registro as coisas que faço, colo ingressos para peças de teatro, cinema e museus, passagens e registros em hotel relacionados a viagens que faço, bem como fotografias e cartões postais. Em tais cadernos, sempre escrevo comentários, esclareço detalhes, intitulo seções. Também tenho livros, geralmente ilustrados, sobre as cidades onde morei: Divinópolis, São Paulo, Belo Horizonte, Montevidéu, Madison, Londres. 
     Vejo  que  já  se  vão alguns anos que comecei a lhe escrever aqui, contando muitas histórias sobre você e sobre meu percurso neste distanciamento que a vida nos trouxe. Talvez eu faça isso como uma forma de viver, por substituição, a vida inteira que estamos perdendo. Ou pode ser algo diferente. Talvez seja porque, para mim, as coisas não são completamente vividas até que escreva sobre elas.
     Parece  que  você  herdou  essa  necessidade,  já  que também escreve um diário num caderno que lhe dei em meados do ano passado e que de vez em quando registra suas perspectivas num blog sobre temas de cultura e esporte. Como, em seu período de aulas, algumas vezes temos dificuldades para conversarmos, ainda mantemos o antigo costume de nos escrever com certa regularidade e costumamos trocar e-mails.
     Trabalhando  hoje  num  prefácio  a  uma  peça  de teatro que será publicada por uma editora de São Paulo, penso no momento em que lhe darei um exemplar do livro, quando ele for publicado. Quando for mais velho e tiver lido alguns de meus textos, será um prazer conversar sobre eles com você, que é uma pessoa perspicaz e de sensibilidade aguçada.

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