domingo, 23 de novembro de 2014

Retratos num domingo de chuva


     Logo antes do fim de semana, trouxe para casa um livro que mantinha em meu escritório na universidade há algumas semanas. Trata-se de uma série de retratos de Steve McCurry, o célebre fotojornalista da revista National Geographic. Neste domingo muito chuvoso e muito frio, não saí de casa, como costuma acontecer, pois é o dia de aproveitar as muitas atrações culturais de Londres, a vitalidade de seus parques ou mesmo simplesmente perambular pelas ruas. Mas valeu a pena ficar aqui, pois as imagens de McCurry me tocaram fundo. As pessoas ali mostradas vivem em muitas partes do mundo, a maioria em regiões pobres e que enfrentaram guerras e outras calamidades nas últimas décadas, em especial no Oriente. 
     Os  muitos  tipos  de  fisionomia,  cor  de  pele, formato de rosto, conformação corporal ali expostos mostram a evidente beleza e dignidade do ser humano, a despeito das muitas referências à violência e ao sofrimento por que várias pessoas ali retratadas passaram. Três coisas me chamaram a atenção no livro: a beleza muito original dos afegãos, a elegância da África negra e as muitas crianças em situações extremamente desfavoráveis. Os olhos de alguns dos fotografados me fizeram permanecer diante de suas fotos por vários minutos, imaginando seus sentimentos no instante em que sua imagem foi capturada e também sua história de vida. Ao contrário do que a publicidade e o liberalismo contemporâneo nos dizem, há muitas formas de ser bonito e muitas alternativas para ser feliz, esse imperativo do nosso tempo. Essa amplitude dos horizontes da vida é, sem dúvida, muito enriquecedora.

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