sábado, 23 de novembro de 2013

Dos seus valores

    Acabo de ler no jornal uma série de números impressionantes relacionados ao suicídio. Por ano, mais de um milhão de pessoas se suicidam em todo o mundo. No Brasil, a despeito de nosso estereótipo de povo otimista e feliz, ocorrem, em média, 25 suicídios por dia. Em nossa família mesma houve um suicídio nos anos 1970, quando eu tinha seis ou sete anos. Desde que esse meu tio por parte de mãe pôs termo à vida, o assunto se tornou um tabu nas conversas entre meus parentes. E na adolescência também perdi assim um amigo, ficando muito chocado por muito tempo após receber a notícia.
     Sem dúvida que a principal causa do número elevado de suicídios no mundo atual é a desvalorização da vida e a desumanização das pessoas em prol da supervalorização das mercadorias, do dinheiro e do chamado "sucesso". Os deserdados desse paraíso do mercado são considerados "fracassados", "vagabundos", "indesejáveis", "gente que não vale nada". Quantas vezes na vida eu mesmo fui considerado assim por certa gentalha pequeno-burguesa que um dia foi próxima de mim e - ainda pior - quantas vezes eu mesmo me senti de fato assim! 
     Se levei algum tempo para entender que não havia nada de errado comigo e que eu apenas possuía valores diferentes, a meu ver mais sólidos, gostaria que você não tivesse de passar pelos conflitos que passei para entender o que hoje entendo. Por coisas assim é que considero muito importante que eu seja sempre próximo de você. 
   Viva sempre sem medo da opinião dos outros. Especialmente não participe dos valores desses eunucos morais da classe média paulistana. Cultive sempre o conhecimento, a amizade de pessoas não convencionais, uma experiência de vida qualificada em que você se arrisque em coisas novas, em relações apaixonadas e vitais. Jamais trate as pessoas como coisas nem acredite que exista alguém que nada valha ou nada tenha a dizer.

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