sexta-feira, 15 de novembro de 2013

No fim de uma aula

    Como  parte  do  curso  de  literatura  brasileira contemporânea que estou conduzindo neste semestre, tenho tratado, nesta semana, de Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. Acabo de chegar a meu escritório, vindo de uma aula em que falei sobre essa obra com brilho nos olhos, pois é um livro inesgotável, que está entre o que de melhor se tem publicado no Brasil, nas últimas décadas. À parte o âmbito estético - o que importa essencialmente - para mim a narrativa de Nassar tem um significado ainda mais forte, pois centra-se na relação de um patriarca autoritário com um filho que se rebelou e fugiu de casa, retornando após algum tempo para presenciar a destruição da família. Ao finalizar minha análise de Lavoura Arcaica em sala de aula, levanto para mim mesmo uma série de questões, algumas delas relacionadas a como não ser pai.
     Meu  próprio  pai  foi  uma  pessoa  distante,  um  homem estranho e pouco afetivo a quem nunca me senti vinculado e a quem nunca compreendi. No entanto, quero algo bem diferente com você. A despeito desta distância obrigatória em que tenho de me manter, quero ser um pai que participe de seu desenvolvimento e de sua formação para a liberdade. Muito especialmente desejo ser um companheiro em quem você confia, com quem possa partilhar seus momentos de felicidade e a quem possa recorrer nos momentos de dificuldade, medo e aflição.

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