Como parte do curso de literatura brasileira contemporânea que estou conduzindo neste semestre, tenho tratado, nesta semana, de Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. Acabo de chegar a meu escritório, vindo de uma aula em que falei sobre essa obra com brilho nos olhos, pois é um livro inesgotável, que está entre o que de melhor se tem publicado no Brasil, nas últimas décadas. À parte o âmbito estético - o que importa essencialmente - para mim a narrativa de Nassar tem um significado ainda mais forte, pois centra-se na relação de um patriarca autoritário com um filho que se rebelou e fugiu de casa, retornando após algum tempo para presenciar a destruição da família. Ao finalizar minha análise de Lavoura Arcaica em sala de aula, levanto para mim mesmo uma série de questões, algumas delas relacionadas a como não ser pai.
Meu próprio pai foi uma pessoa distante, um homem estranho e pouco afetivo a quem nunca me senti vinculado e a quem nunca compreendi. No entanto, quero algo bem diferente com você. A despeito desta distância obrigatória em que tenho de me manter, quero ser um pai que participe de seu desenvolvimento e de sua formação para a liberdade. Muito especialmente desejo ser um companheiro em quem você confia, com quem possa partilhar seus momentos de felicidade e a quem possa recorrer nos momentos de dificuldade, medo e aflição.
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