sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Entre a saudade e a indignação

     De vez em quando sou acometido por uma forte saudade do Brasil e das nossas coisas. Tenho consciência de nossos problemas e da oligarquia bastarda que controla o país, mas é difícil viver tanto tempo longe da vibração, das cores, dos cheiros, dos sons e dos sabores brasileiros. Outro dia, provando um improvisado pão de queijo em Londres, comentei que aquilo era a madeleine que me reconduzia a meu tempo perdido, à maneira de Proust. Mas muito especialmente sinto falta das pessoas, de nossos abraços, de nosso senso de humor, de nossos apelidos e nossos diminutivos. Talvez a chegada do frio e o ataque de um forte resfriado que peguei por aqui na semana passada intensifiquem a falta que o Brasil me faz neste momento. 
     Aliás, talvez este nem seja o momento ideal para se estar no Brasil, com o processo eleitoral para a presidência da República entrando na reta final e a baixaria sem freios dos políticos. Sem falar na baixaria ainda maior dos jornalistas engajados nas campanhas. E o fardo de ter de tolerar esse nauseabundo Aécio Neves, um cretino juramentado que está no segundo turno em grande parte devido aos votos de São Paulo e de regiões ultrarreacionárias como o Triângulo Mineiro e estados do centro do país. Esse personagem representa o que há de mais retrógrado em Minas e o que há de mais miserável na política brasileira. Que alguém dessa laia tenha chegado ao segundo turno das eleições para a presidência é um sinal evidente de nossa pobreza institucional. Aguardemos ao menos que os votos decisivos do segundo turno tenham um mínimo de lucidez.

Nenhum comentário: