segunda-feira, 10 de junho de 2013

O abutre da saudade

     Não dormi bem na noite passada. Acordei algumas vezes e sonhei bastante com você. Após vários meses distante, estou obviamente com saudade. Jamais fui saudosista; vivo e transformo a minha vida conforme a realidade do presente e os sonhos para o futuro. Mas não vejo problema em amar as coisas boas que fazem parte de minha história e da história de nossa comunidade.
     Estou bem aqui. Porém de vez em quando me assalta um sentimento mais agudo de falta: falta de você, de minha família e meus amigos, do Brasil, de Minas, de nossas coisas. Me lembro desta estrofe de Tomás Antônio Gonzaga, tratando da pungência da saudade enquanto dialoga com um mito da Grécia antiga:

     Com retorcidas unhas agarrado
     às tépidas entranhas, não me come
          Um abutre esfaimado;
     mas sinto de outro monstro a crueldade;
     devora o coração, que mal palpita,
          o abutre da saudade.

    Terei, no entanto, força e paciência. Em agosto irei ao Brasil. Haverei de encontrá-lo e de me renovar no contato com nossos ares, nosso clima e nossa humanidade.

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