quarta-feira, 20 de julho de 2016

Saudades de Minas


      Uma  vez,  viajando  pelas  imediações  de  Tiradentes  e São João del-Rei, encontrei um misto de venda e lanchonete com fogão a lenha, "Uai-fi" e um pão de queijo estupendo. Como já vou caminhando para um ano inteiro longe de casa, de vez em quando me baixa uma saudade de nossa terra. É o que está acontecendo hoje, após uma semana de bastante trabalho e perambulações por esta ilha ao norte do mundo.
     Minha  mãe  costuma  dizer  que  tem  dó  de  mim, obrigado que sou a enfrentar as loucuras de terras estrangeiras, o frio intenso, a solidão... Eu mesmo gosto de exagerar para ela a dureza da minha realidade, a fim de garantir sua solidariedade e suas orações para que os santos de seu catolicismo barroco velem por mim. Chego a reclamar que ela não me dá conselhos e me deixa ao deus-dará pelo mundo, para sua inevitável resposta: "Filho não está nem aí para o que a gente fala".
     Num  tempo  em  que  tanto  se  cultua  a  felicidade obrigatória e ostensiva, continuamos muito mais a lutar contra a infelicidade que propriamente a buscar a felicidade. Nesta tarde calorenta do verão londrino, penso que eu estaria feliz em torno de uma mesa com minha mãe, você e minhas irmãs (com Pérola a nossos pés), tomando um cafezinho e conversando despreocupados, como fizemos tantas vezes. Se possível, em Minas, que permanece "onde sempre esteve".

Nenhum comentário: