domingo, 24 de julho de 2016

Divagações de domingo

     Perambulando  pelo  computador,  casualmente  me deparo com as fotos do seu nascimento e fico a contemplá-las. Numa delas você está chorando e se contorcendo sobre uma balança eletrônica que mostra seu peso em seu primeiro dia: 3,625 kg. Em outra o médico está desobstruindo suas narinas. Em outra ainda você está deitado de bruços sobre meu peito, no quarto do hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. Seguro-o ainda meio desajeitado, com aparência de cansado e maldormido e uma barba de uns cinco dias por fazer.
     Lembro-me  bem  daquele  dia.  Era  uma  radiosa  manhã de sol de um domingo de fevereiro de 2005. Tal como a manhã que está começando para mim no verão deste outro lado do Atlântico. Naquele início de minha trajetória de pai, eu imaginava que atravessaríamos a vida juntos e que acompanharia de perto cada etapa de seu desenvolvimento, que estudaria com você e participaria de reuniões em sua escola, que viajaríamos juntos, que teríamos uma vida "normal" de pai e filho. Mas aconteceu o turbilhão que nos obrigou a viver separados e, alguns anos depois, em dois recantos muito distantes do mundo.
     Quando  voltar  para  o  Brasil,  quero  ter  na  minha casa um quarto para você, decorado com você, para que venha quando quiser e para que possamos resgatar um pouco da vida que estamos perdendo.

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