Perambulando pelo computador, casualmente me deparo com as fotos do seu nascimento e fico a contemplá-las. Numa delas você está chorando e se contorcendo sobre uma balança eletrônica que mostra seu peso em seu primeiro dia: 3,625 kg. Em outra o médico está desobstruindo suas narinas. Em outra ainda você está deitado de bruços sobre meu peito, no quarto do hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. Seguro-o ainda meio desajeitado, com aparência de cansado e maldormido e uma barba de uns cinco dias por fazer.
Lembro-me bem daquele dia. Era uma radiosa manhã de sol de um domingo de fevereiro de 2005. Tal como a manhã que está começando para mim no verão deste outro lado do Atlântico. Naquele início de minha trajetória de pai, eu imaginava que atravessaríamos a vida juntos e que acompanharia de perto cada etapa de seu desenvolvimento, que estudaria com você e participaria de reuniões em sua escola, que viajaríamos juntos, que teríamos uma vida "normal" de pai e filho. Mas aconteceu o turbilhão que nos obrigou a viver separados e, alguns anos depois, em dois recantos muito distantes do mundo.
Quando voltar para o Brasil, quero ter na minha casa um quarto para você, decorado com você, para que venha quando quiser e para que possamos resgatar um pouco da vida que estamos perdendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário