terça-feira, 21 de abril de 2015

Da migração

     Leio  no  noticiário  que,  há  dois  dias,  um  velho  navio pesqueiro sobrecarregado com cerca de 700 imigrantes que tentavam escapar do caos político na Líbia em direção à Europa naufragou no Mediterrâneo, em alto mar, matando uma quantidade enorme de pessoas que são como nós. 
     Recentemente  também  li  também  uma  reportagem  a respeito de uma espécie de campo de concentração mantido pela Imigração britânica, onde pessoas que entraram ou permaneceram ilegalmente no Reino Unido sofrem toda sorte de abuso. Na maioria absoluta dos casos, seu único crime foi ter nascido em certos países desprestigiados e possuírem uma cidadania considerada de segunda classe pelo pensamento direitista em países considerados muito prestigiosos.
     Vivemos  num  tempo  em  que  o  dinheiro  e  as mercadorias atravessam as fronteiras com a mesma facilidade com que um fantasma atravessa as paredes de uma casa mal-assombrada. No entanto, as pessoas têm de enfrentar os mais rígidos controles e mesmo constrangimentos quando passam de um país para outro. Eu mesmo, vivendo fora do Brasil há alguns anos, sendo esta a terceira vez que, por razões de estudo ou trabalho, saio para morar no exterior, tenho sido, de vez em quando, vítima do mais absurdo burocratismo. De todo modo, se este mundo não está mais justo, ao menos está cada vez mais internacionalizado, multicultural e mestiço. Espero que, quando você crescer e passar pelo processo de formação universitária e trabalho, se tiver de fazer alguma coisa fora do Brasil, que encontre um ambiente mais ameno. Muito especialmente, que tenha respeito por todas as pessoas que encontrar em seu caminho e que jamais se sinta superior nem inferior a ninguém pelo simples e casual fato das suas circunstâncias externas.

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