sábado, 7 de fevereiro de 2015

Da felicidade















     Outro  dia  vi  o  filósofo  francês Pascal Bruckner, numa conferência sobre a felicidade, dizer que esse estado não é algo que podemos provocar por força do nosso desejo, mas algo que simplesmente acontece, às vezes quando nem a esperamos. Eu ainda tenho de desenvolver a postura mais leve e mais serena diante da vida que é uma consequência da constatação de Bruckner. Mantenho uma crença muito forte no fazer acontecer, em todos âmbitos da existência. Mas de fato, nossa capacidade de mudar as coisas - especialmente de mudar a nós mesmos e as outras pessoas - é muito limitada. Sem deixar de agir quando a situação requer uma atitude firme, acredito que tenho mesmo de aprender a sabedoria da aceitação e do carpe diem. Mas estou sendo vago e superficial. 
     Nos  últimos  anos,  parte  dos  lampejos  de  real felicidade que tenho tido na escuridão desta vida tem acontecido a seu lado. São nossas conversas, nosso futebol juntos, seu abraço quando nos reencontramos após muitos meses distantes, vê-lo crescendo como uma pessoa de bem e um rapaz inteligente e sensível...
     Me  lembro  de  que,  quando  você  era bem pequeno, gostava de ir a uma lagoa próxima à casa de minha mãe, para dar migalhas de pão aos peixes, que se aglomeravam nas margens para recebê-las, e também atirar pedras no meio da água, para vê-la saltar e se expandir num círculo de ondulações. Muitas vezes o acompanhei nessas aventuras da primeira infância. Aquela gratuidade e aquele estar juntos levemente eram a felicidade que simplesmente acontecia.

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