sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Nomes e destinos

     Sempre  tenho  a  sensação - ou  talvez  a  superstição - de que nosso nome carrega em si o nosso destino. Jamais de viu um deus chamado Zequinha, um herói chamado Leleco, um imperador chamado Gleidson, uma rainha chamada Lurdinha. Um deus há de ser Apolo, Shiva, Emanuel; um herói, Odisseu, Eneias ou Roland; um imperador, Alexandre, Augusto ou Montezuma; uma rainha, por fim, há de ser Catarina, Elizabeth ou Cristina. Porém há o outro lado, o dos nomes identificados a um destino ruim. Em Crime e Castigo, Dostoiévski dá o nome de Svidrigáilov a um canalha. Molière chama Tartufo ao hipócrita de sua comédia homônima. Em suas memórias, Pedro Nava lembra-se da esposa de seu tio-avô chamada Irifila, figura ominosa, inimiga de todos os prazeres que fazem a vida valer a pena, a quem ele qualifica, entre outro adjetivos desabonadores, como "crotálica". Até a sonoridade desses nomes evoca a maldade daqueles que os possuem. E Machado de Assis nomeia Palha a um banal usurpador do dinheiro do ingênuo Quincas Borba, no romance homônimo. O centro de interesse de um Palha só poderia ser mesmo a melhoria de sua posição social. 
     Temos  nós  dois  os  nomes  de  um  grande imperador romano e de um lendário e heroico rei britânico. Gosto do meu nome e gosto do seu, em especial com nossos sobrenomes, que lhes dão a cadência de um verso. Que eles possam nos impulsionar para a realização de destinos significativos na vida.

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