terça-feira, 26 de agosto de 2014

Encontros com a beleza no Camboja


     Passei os últimos quatro dias no Camboja, na cidade Siem Reap e suas imediações. Fiquei fascinado com os templos que circundam a região, a maioria deles construídos entre os séculos IX e XII d.C. Aqui está Bayon, onde grandes rostos foram esculpidos sobre pedras enormes. Quando se pensa nessa época de ouro da civilização khmer, é ainda mais chocante ver a situação do Camboja atual, país que recentemente sofreu muito numa guerra brutal contra o imperialismo americano e que posteriormente foi assolado por décadas de tirania de cunho maoísta. Ainda se pode ver um número significativo de pessoas que ficaram cegas ou perderam pernas e braços em explosões de minas, essa arma abominável que governos criminosos ainda utilizam em seus conflitos militares. 
     Hoje a maioria avassaladora da população do Camboja é miserável. No entanto, como a maior das misérias é a espiritual, pude encontrar um povo que mantém sua dignidade e preserva uma inocência que nós, ocidentais, já perdemos há muito tempo. Isso se percebe no trato das pessoas e, em especial, no jeito das muitas crianças que andam pelas ruas e sítios arqueológicos do país.
     Em Siem Reap estive diante de coisas lindíssimas. Ontem mesmo, no fim da tarde, pude contemplar um pôr de sol de folhinha no topo do templo Pre Rup. Por mais ou menos uma hora, ao longe, o céu assumiu um vasto amarelo avermelhado em torno do sol. Se você estivesse aqui comigo, na certa comentaria sobre a beleza da cena e me faria perguntas sobre as idiossincrasias dos astros. Mas no fim, por longo tempo, apenas viveríamos a poesia viva e gratuita da natureza diante dos nossos olhos.

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