Acompanho diariamente o que se passa no Brasil. Muitas vezes fico desanimado com as notícias relacionadas ao lado mais desolador de nossa realidade: a elite vagabunda e violenta que temos, nossa classe média em grande parte tão burra e tão reacionária, nossa polícia tão povoada de bandidos sanguinários, nossa grande imprensa tão mercenária e tão engajada no proselitismo ao que há de mais retrógrado no país, nossa vida intelectual tão medíocre, nosso complexo de vira-latas que nos faz alardear ao mundo todos os nossos defeitos.
No plano do fait divers, não faltam os mais inconcebíveis absurdos. Para ficar apenas na semana passada, vale lembrar o roubo de um leão num criadouro no interior de São Paulo e a morte de um torcedor de futebol no Recife, atingido por um vaso sanitário atirado por torcedores rivais. Nossa realidade, pelo visto, vai muito além da ficção. Nem um Kafka, nem um Beckett, nem o recém-falecido García Márquez, por exemplo, imaginaram nada do gênero em suas obras.
Nem vale a pena entrar no campo da política neste ano de eleições para presidente. A baixaria mais bestial já está à solta, com jornalistas integralmente comprometidos com as campanhas de seus patrões, a quem prestam vassalagem enquanto atacam a atual mandatária.
Desejo que você possa encontrar, ao longo da vida, espaços de diálogo com pessoas criativas e bem educadas, a fim de escapar desse circo de besteiras que tem feito parte de nosso dia a dia. Que possa ler bons livros, viajar, produzir algo que exprima sua unicidade e sua sensibilidade. E que consigamos ao menos iniciar reformas estruturais no Brasil.
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