sábado, 28 de setembro de 2013

Seu violão, meu engajamento

     Quando nos encontramos em São Paulo, no mês passado, você me contou que possui um violão e que já sabe tocar “Yellow submarine”. Prometeu até trazer o instrumento na próxima vez em que nos encontrarmos, em dezembro, para tocar para mim. Veremos isso. Estou ansioso por esse momento.
     Por aqui o frio começa a chegar. Os clássicos dias cinzentos e úmidos já se fazem presentes, e isso é apenas o início de uma longa temporada. Felizmente poderei escapar disso por um mês, já durante o alto inverno.
     Tenho trabalhado muito e tenho estado muito engajado nas atividades do início do ano acadêmico europeu, mas estou sempre pensando em você. Nestes últimos dias, a saudade está forte. Nesta semana, por exemplo, meu pensamento voou até São Paulo ao organizar as coisas em meu novo escritório na universidade e colocar lá, num porta-retratos, duas fotos de nós dois jogando futebol.
     Estou bem aqui, mas hoje me passou pela cabeça, pela primeira vez desde que vim para cá, o momento de retornar ao Brasil. Não posso fazer isso agora e tenho dois anos de contrato de trabalho pela frente. Mas ao final desse tempo não pretendo continuar em Londres e considerarei minha missão cumprida. Tenho muitas compensações por estar num lugar como este, mas minhas perdas têm sido muito maiores. Ficar longe de você e encontrá-lo apenas uma ou duas vezes por ano tem sido a maior delas. Será uma felicidade retornar, ainda que eu saiba que terei de enfrentar muita sordidez em São Paulo para tê-lo a meu lado.

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