quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ulisses sem Ítaca

     Uma vez dei o título de "Ulisses sem Ítaca" a uma coleção de crônicas em que eu divagava ligeiramente por diversos assuntos. Era um bom título, que diz muito sobre mim. Não que eu possua a astúcia e o heroísmo do grande mito grego. Mas como ele tenho enfrentado as minhas guerras de Troia e ficado retido em terras estrangeiras durantes vários anos. Meu Posseidon são as desilusões dos tempos de Belo Horizonte, meus fracassos intelectuais, os percalços de minha trajetória profissional. Diferentemente de Ulisses, no entanto, me sinto meio sem ter para onde voltar, apesar de São Paulo ser uma forte referência. Tampouco tenho um lar a resgatar. Muito menos alguma Penélope esperando por mim ou inimigos a dizimar. Porém talvez eu tenha você, um Telêmaco junto a quem eu possa reviver no mínimo a alegria da paternidade, que é um laço que para mim nunca se rompeu, apesar de eu ser obrigado a me manter distante e de ter tido de me exilar por tempo indeterminado. 
     Ainda quero vê-lo brilhar no que quer que venha a escolher para a sua vida, o que certamente acontecerá, pois você é um menino muito inteligente, muito versátil e de muito talento. Gostaria apenas de poder impulsioná-lo com minha presença, meu suporte, minha crítica. Mas me entristeço por não saber se isso de fato ocorrerá nem, se ocorrer, como ocorrerá.

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