quarta-feira, 24 de abril de 2013

Pelas ruas do interior

     Nas ruas dos bairros de Divinópolis, é comum esse calçamento de cascalho. Muitas vezes, nas temporadas que passamos na casa de minha mãe, você caminhou sobre essas pedras. Sobre elas disputamos muitas corridas (você venceu a grande maioria delas) e andamos de mãos dadas, com você comentando tudo o que via pelo caminho com o olhar encantado de quem vê as coisas pela primeira vez.
     Me lembro das vezes em que íamos até a lagoa no bairro ao fim da tarde, para dar migalhas pão aos peixinhos. Muitos deles se reuniam na margem, a seu lado, para receber a comida que você lhes oferecia. Eu gostava de vê-lo nesses afazeres gratuitos e simples, algo poéticos. No bairro de uma cidade que ainda preserva alguns matos e lotes vagos, você era popular também entre passarinhos, cachorros, gatos e joaninhas. Hoje, vivendo na metrópole e cercado de concreto e asfalto por todos os lados, não tenho ideia de como anda seu contato com a natureza, com as coisas mais simples e essenciais.
     De todas as nossas atividades juntos, aquela de que mais sinto falta é colocá-lo no ombro e sair andando  e conversando sem rumo pela cidade, sem ter hora de voltar e estando inteiramente ali, um com o outro. Me recordo de que suas perguntas eram sempre profundas na sua pureza. Para elas, eu sempre buscava dar respostas imaginativas e bem-humoradas que lhe soavam verossímeis. O que e como pensará agora o meu rapazinho da Pauliceia?

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