sábado, 9 de março de 2013

Duas infâncias

   Nesta noite fria de sábado, estou trabalhando no computador, pois é época de exames na universidade onde dou aulas e tenho muitas coisas a fazer em casa. Enquanto isso, vou ouvindo música brasileira. De repente começa a tocar "Bola de meia, bola de gude", de 14 Bis. Imediatamente meu pensamento viaja até você, até Minas, até os anos 1970:

     Há um menino, há um moleque, 
     morando sempre no meu coração
     Toda vez que o adulto balança 
     ele vem pra me dar a mão
     (...)
     Ele fala de coisas bonitas que eu acredito 
     que não deixarão de existir
     Amizade, palavra, respeito, 
     caráter, bondade, alegria e amor
    
     Este adulto que tantas vezes tem balançado, apesar de sua reputação de força e independência, muitas vezes tem dado a mão ao menino que ele foi: um menino pobre que ainda chegou a jogar futebol descalço com bola de meia em campinhos de terra batida onde também jogava bola de gude.
   Hoje sua infância é bastante diferente da que tive, possuindo coisas melhores e coisas piores. Sua condição econômica é muito melhor do que a que tive quando criança. Isso me dá alguma tranquilidade, pois sei o quanto é revoltante passar falta de coisas básicas. De todo modo, os desafios e acidentes de nossa existência nos ensinam a ser flexíveis e criativos. Espero que você, que enfrenta dificuldades de outra ordem, jamais venha a perder, no turbilhão da vida, aquelas "coisas bonitas", que hoje tem de sobra.

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