domingo, 2 de outubro de 2016

Homo Viator

     Já  não  vejo  a  hora  de  estar  no  Brasil,  desta  vez para ficar. Principalmente desejo estar perto de você, de minha família em Minas, de meus amigos em São Paulo. Será uma volta cheia de alegria e emoção. Claro que não será um retorno para a estagnação. A vida se movimenta o tempo todo, e, por razões profissionais, ainda nem sei muito bem onde vou parar. De início, devo ficar um mês ou dois na casa de minha mãe, em Minas, até encontrar um caminho.
     Conforme  o  filósofo  existencialista  Gabriel  Marcel, somos essencialmente vagabundos em nossa trajetória por este mundo. No fundo, não possuímos nada nem nos estabelecemos em lugar algum, mesmo se permanecemos no mesmo lugar ao longo de toda a vida. O título de um de seus livros, dado em latim, sintetiza bem sua filosofia: Homo Viator, algo como "O Homem como Viajante". Do mesmo modo que possuímos essa dimensão marinheiro ou astronauta, temos também uma dimensão agricultor ou jardineiro que faz com que tantas coisas essenciais tenham origem no fato de termos um lugar onde passamos a infância e onde experimentamos o mundo pela primeira vez, de estarmos enraizados numa cultura e numa tradição. Tanto quanto partir, viver é também voltar para casa. É o que está próximo de acontecer.

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