terça-feira, 24 de novembro de 2015

Paixões

     Passei  algumas  horas  do  dia  de  hoje,  após  dar aulas pela manhã, trabalhando no texto de um prefácio a um livro sobre Nelson Rodrigues. No mês passado também escrevi prefácios para um livro sobre Eugene O'Neill e outro sobre Thornton Wilder. Por haver estudado esses autores ou ter familiaridade com seu trabalho, costumo ser convidado a escrever ou a falar sobre eles. No entanto, nos últimos anos tenho sido um autor de textos menores e pouco prestigiosos como os prefácios ou pequenos artigos sobre temas ligados à literatura. Tenho ambições maiores, porém preciso de algum tempo, mais segurança profissional e alguma iniciativa para me dedicar a um projeto mais substancial.
     Todo  ser  humano  tem  de  ter  alguma  paixão.  Entre as minhas estão a literatura, o teatro e o futebol, que tenho buscado transmitir a você. Pelo futebol você se interessa naturalmente, vindo de uma família com várias gerações de bons jogadores. Quanto à literatura, sempre lhe dou livros de presente, sendo muitos deles condensações dos grandes clássicos. E procuro conversar com você sobre suas leituras, quando nos encontramos. Pelo que tenho percebido, venho conseguindo despertar também sua paixão pelos livros, sendo que você também tem se lançado na escrita de um diário num caderno que lhe dei.
     Por  fim,  há  o  teatro,  com  o  qual  tem  sido  muito mais difícil fazê-lo familiar, em virtude da separação e da grande distância em que vivemos. Quando vou a São Paulo e você pode passar todo um fim de semana comigo, um de nossos programas costuma ser o teatro, mas isso ocorre apenas uma ou duas vezes por ano. Lembro-me de uma vez termos assistido Nossa Cidade, de Thornton Wilder, A Mulher sem Pecado, de Nelson Rodrigues, e O Pagador de Promessas, de Dias Gomes. Tenho visto excelentes montagens dos grandes textos do teatro universal por aqui. Há algumas semanas, quando assistia Medida por Medida no Shakespeare Globe, desejei que você estivesse ali comigo.
     Mas  também  dou-lhe  espaço  para  suas  próprias paixões, algumas das quais não compartilho, como a dos jogos eletrônicos. No entanto, se elas lhe fazem bem e lhe proporcionam momentos felizes, possuem todo o meu apoio.

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