quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A poesia brotando na vida

     Na  noite  passada,  tive  novamente  o  sonho  de que estou escrevendo um belíssimo poema. E, como sempre acontece, ao acordar não me lembrava de nada a respeito do texto. Sempre fico intrigado quando esse sonho vem e daria tudo para recordar o que escrevi enquanto dormia.
     De todo modo, este parece ter sido um estranho dia em que o poético andou povoando as minhas horas. Numa das aulas na universidade, em que os estudantes estavam relatando eventos especiais de que participaram ou tomaram conhecimento, minha aluna anglo-brasileira Isabella contou, de olhos úmidos, que, por ocasião da morte inesperada de sua prima, em plena juventude, quando, já ao anoitecer, o corpo esperava para ser preparado para o funeral, um beija-flor apareceu, sobrevoando-o e posteriormente pousando ao lado de sua avó, que interpretou aquilo como uma visita do espírito da jovem falecida e começou a falar com ele. Se esse acontecimento não corresponde à realidade, sendo apenas imaginado, pelo menos compõe uma bela história.
     Ao retornar para casa sob uma garoa fininha, vindo pela margem do rio, vi no céu um insólito arco-íris invertido, com o arco virado para baixo e as pontas para cima. Nunca tinha visto algo semelhante e acabo de ler que se trata de um fenômeno natural muito raro.
      E  ainda  no  campo  do  poético,  me  lembrei  há  pouco, quando estava desenvolvendo a nada poética tarefa de passar roupas, de um episódio da sua primeira infância, quando você passava temporadas na casa de minha mãe. Naquelas ocasiões, meu menino jamais ia dormir sem me pedir que o colocasse sobre os ombros e o levasse para "ver a cidade". Isso consistia em atravessar a rua e caminhar uns 50 metros até um muro em torno de um lote ainda vago. Nesse muro havia um furo por se via as luzes da área central de Divinópolis, já que o bairro onde minha mãe então morava fica numa parte mais alta e não muito distante do centro. Jamais ir dormir sem "ver a cidade" sempre foi para mim uma experiência viva de poesia. 

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