domingo, 1 de dezembro de 2013

Do exotismo



      Gosto de sair em Londres à noite e observar a cidade e as pessoas. A cidade parece ficar ainda mais bonita com as luzes acesas, tantas coisas acontecendo por todo lado e muita vida nas ruas. As pessoas são sempre uma surpresa. As tribos urbanas parecem preferir a noite para se mostrarem. Os mais exóticos, muitas vezes os mais espantosos visuais se mostram por todo lado. Apesar de não ter interesse em fazer nada semelhante no plano da aparência física, tenho simpatia por essas pessoas que confrontam as convenções, o óbvio e o consagrado como “normal” ou “de bom gosto”.
     Na noite de ontem, fui ao National Theatre para assistir a uma montagem da peça Da Manhã à Meia-noite, do expressionista alemão Georg Kaiser. Logo depois, fui ao encontro de alguns amigos num bar à margem sul do Tâmisa, onde fiquei até relativamente tarde. Quando voltava para casa, encontrei muitas daquelas criaturas da noite pelo caminho. Acho curiosa a naturalidade como todos por aqui convivem com elas. Ninguém sequer as olha, só eu, que serei para sempre este mineiro do interior. 
   Dentro de mais alguns anos, você entrará na adolescência. Pode ser que venha a ter alguma atração por algumas bizarrices visuais, apesar de eu achar que isso não deve acontecer com intensidade, pois sua personalidade parece tender a certa seriedade e contensão. Mas a rebeldia natural dessa fase pode até encontrar alguma vazão nesse tipo de atitude. Quero estar lá para ver e acompanhar isso.

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