Acabo de ler um livrinho luminoso do
filósofo francês contemporâneo Pascal Bruckner, que tem por título Le Marriage d’Amour a-t-il Échoué?. Como
o título indica, trata-se de uma reflexão sobre os porquês de tantos casamentos
fracassados hoje em dia, bem como das formas alternativas de viver a vida e se
relacionar que estão sendo criadas nas últimas décadas. Ao final de sua exposição,
numa passagem que pode ser lida para muito além dos impasses do casamento,
Bruckner arremata: “O que é necessário inventar hoje em dia é um hedonismo não
mercantil, que não dispense a surpresa, o equilíbrio, a ponderação e seja,
antes de tudo, uma arte de viver com os outros, e não o gozo por si só. (...)
As melhores armas nesse processo são a indulgência e a delicadeza: perdoemos
nossas respectivas fraquezas, sem ferir aqueles a quem amamos. Agradeçamos a
eles por existirem e nos aceitarem como somos. Chamo a isso suavidade na vida.”
Tais palavras me caíram bem neste momento
em que, após tantos anos de fúria e tantos conflitos desgastantes, estou em busca
justamente de indulgência, delicadeza e suavidade. De sua parte, muitas vezes tenho
escrito aqui sobre o quanto gostaria de vê-lo crescer com uma mentalidade que
despreze os valores mercantis hoje em voga, inclusive o hedonismo associado à
compra disso e daquilo, e a adequação aos estereótipos midiáticos desta época
obscura. De nossa parte, em nossa relação de pai e filho, espero que possamos
desenvolver a capacidade de aceitação de que fala o escritor francês, coisa
que, de minha parte, em minha impulsividade e ênfase, ainda preciso trabalhar e
amadurecer.
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