quinta-feira, 19 de junho de 2014

Suavidade na vida

     Acabo de ler um livrinho luminoso do filósofo francês contemporâneo Pascal Bruckner, que tem por título Le Marriage d’Amour a-t-il Échoué?. Como o título indica, trata-se de uma reflexão sobre os porquês de tantos casamentos fracassados hoje em dia, bem como das formas alternativas de viver a vida e se relacionar que estão sendo criadas nas últimas décadas. Ao final de sua exposição, numa passagem que pode ser lida para muito além dos impasses do casamento, Bruckner arremata: “O que é necessário inventar hoje em dia é um hedonismo não mercantil, que não dispense a surpresa, o equilíbrio, a ponderação e seja, antes de tudo, uma arte de viver com os outros, e não o gozo por si só. (...) As melhores armas nesse processo são a indulgência e a delicadeza: perdoemos nossas respectivas fraquezas, sem ferir aqueles a quem amamos. Agradeçamos a eles por existirem e nos aceitarem como somos. Chamo a isso suavidade na vida.”
     Tais palavras me caíram bem neste momento em que, após tantos anos de fúria e tantos conflitos desgastantes, estou em busca justamente de indulgência, delicadeza e suavidade. De sua parte, muitas vezes tenho escrito aqui sobre o quanto gostaria de vê-lo crescer com uma mentalidade que despreze os valores mercantis hoje em voga, inclusive o hedonismo associado à compra disso e daquilo, e a adequação aos estereótipos midiáticos desta época obscura. De nossa parte, em nossa relação de pai e filho, espero que possamos desenvolver a capacidade de aceitação de que fala o escritor francês, coisa que, de minha parte, em minha impulsividade e ênfase, ainda preciso trabalhar e amadurecer.

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