Cheguei ontem a Divinópolis, após passar
cerca de dez dias em São Paulo. De vez em quando passo por lugares onde há
alguns anos vivemos coisas boas juntos durante as visitas que fazíamos à casa
de minha mãe e nas temporadas que passamos aqui. Você era bem pequeno e gostava
de perambular pelas ruas da cidade sentado no meu ombro, enquanto conversava
sobre tudo, pedindo explicação para cada coisa que via.
Ao andar pela cidade e receber notícias do
que anda acontecendo por aqui, fico triste com a decadência que tenho visto.
Durante a minha infância e minha adolescência, passadas aqui, Divinópolis era
um lugar pacato, seguro e com boa qualidade de vida. Mas bastou que há cerca de
10 ou 12 anos ela se tornasse um entreposto do tráfico de drogas para que toda
uma escória de bandidos se instalasse por aqui, gerando um batalhão de viciados
vivendo no último estágio da degradação e cometendo toda sorte de crimes para
adquirir a droga. Também o conflito entre gangues rivais, a corrupção da parte
podre da polícia, o despreparo da parte honesta da mesma instituição, a
sensação de insegurança passaram a fazer parte do cotidiano da cidade.
Mas, se o caos costuma gerar alguma luz, tenhamos ao menos esperança de que um extensivo desejo de mudança permita que forças renovadoras
e mais conscientes encontrem espaço de poder neste bastião de conservadorismo e
atraso político, marcado por décadas de péssimas administrações.
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