terça-feira, 10 de junho de 2014

A cidade natal no fundo do poço

     Cheguei ontem a Divinópolis, após passar cerca de dez dias em São Paulo. De vez em quando passo por lugares onde há alguns anos vivemos coisas boas juntos durante as visitas que fazíamos à casa de minha mãe e nas temporadas que passamos aqui. Você era bem pequeno e gostava de perambular pelas ruas da cidade sentado no meu ombro, enquanto conversava sobre tudo, pedindo explicação para cada coisa que via.
     Ao andar pela cidade e receber notícias do que anda acontecendo por aqui, fico triste com a decadência que tenho visto. Durante a minha infância e minha adolescência, passadas aqui, Divinópolis era um lugar pacato, seguro e com boa qualidade de vida. Mas bastou que há cerca de 10 ou 12 anos ela se tornasse um entreposto do tráfico de drogas para que toda uma escória de bandidos se instalasse por aqui, gerando um batalhão de viciados vivendo no último estágio da degradação e cometendo toda sorte de crimes para adquirir a droga. Também o conflito entre gangues rivais, a corrupção da parte podre da polícia, o despreparo da parte honesta da mesma instituição, a sensação de insegurança passaram a fazer parte do cotidiano da cidade.
     Mas, se o caos costuma gerar alguma luz, tenhamos ao menos esperança de que um extensivo desejo de mudança permita que forças renovadoras e mais conscientes encontrem espaço de poder neste bastião de conservadorismo e atraso político, marcado por décadas de péssimas administrações.

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