quarta-feira, 16 de abril de 2014

Uma experiência no Vietnã



     Acabo de passar cinco dias na cidade de Hanói. Fiquei impressionado com o caos do trânsito, a bagunça nas calçadas e a quantidade colossal de motocicletas. Mas também fiquei muito impressionado com a gentileza das pessoas, a culinária vietnamita, a complexidade do Vietnã e sua história milenar e cheia de grandes eventos, inclusive com o país derrotando em guerras inimigos muito mais poderosos militarmente nos anos 1950 e 70, sob a liderança do grande Ho Chi Minh. Também me chamou a atenção o belo Templo da Literatura. Jamais imaginei que existisse um.
     Esta foi minha primeira experiência num país socialista. No entanto, trata-se de um socialismo em que grandes empresas produtoras de eletrônicos, roupas e sapatos exploram a mão de obra barata ali disponível, um regime que permite a existência de bairros onde habitam pessoas privilegiadíssimas e estabelecimentos de luxo de acesso exclusivo à elite do país. Enquanto isso, a grande maioria das pessoas é muito pobre. Mas lá está todo o aparato repressor da ditadura pronto para massacrar quem se opuser ao status quo. Me parece que definitivamente não era isso o que Ho Chi Minh sonhou para seu país. E não há dúvida de que esse socialismo burocrático de base soviética, apesar de sua grande importância histórica como alternativa às  iniquidades do capitalismo, é um grande fracasso e um anacronismo nos poucos lugares onde ainda persiste. As portas abertas para a corrupção e a ganância pelo poder estão presentes da mesma forma que no capitalismo, com o agravante de não poderem sequer ser denunciadas e investigadas. Isso não quer dizer que não tenhamos de buscar uma alternativa ao regime capitalista, que coloca o dinheiro e as coisas acima das pessoas.
     No penúltimo dia em Hanói, assisti a um espetáculo de marionetes do qual você iria gostar. Os bonecos são muito bem construídos e encenam pequenos esquetes sobre uma poça d'água, com uma música de sonoridade muito distinta daquela a que nossos ouvidos estão acostumados.
     Que a vida também lhe permita viajar por este mundo, admirar a riqueza da cultura dos homens e tornar-se consciente de que há muitas alternativas válidas à forma como organizamos as coisas em nossa própria sociedade.

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