quarta-feira, 2 de abril de 2014

Crianças abandonadas


     Acabo de assistir ao filme Capitães da Areia, baseado no romance homônimo de Jorge Amado. Saí pensando nas circunstâncias em torno dos muitos meninos abandonados que tenho visto em minhas viagens pelo mundo, para não falar na situação daqueles que realizam trabalhos pesados e perigosos ou chegam mesmo a atuar em atividades degradantes como a prostituição ou o tráfico de drogas. Num país de cidadania precária como o Brasil, infelizmente a realidade descrita pelo romancista baiano nos anos 1930 é mais atual que nunca. Na área central de uma cidade como São Paulo, por exemplo, tal realidade pode ser testemunhada em seus aspectos mais sombrios.
     Ao ver especialmente crianças e velhos abandonados pelas ruas, me sinto também responsável por eles, diminuído em minha humanidade e envergonhado de nossa espécie. Isso é ainda mais grave numa época superprodutiva como a nossa. 
     Jamais imaginei meu filho tendo de enfrentar sozinho a maldade e as misérias deste mundo sem ter sequer um mínimo de maturidade para isso. Você está crescendo dentro dos padrões da classe média paulistana, tendo tudo de que necessita, o que é muito justo. Fico feliz pelo fato de o dinheiro que lhe mando todo mês estar sendo usado para garantir o seu bem-estar. Porém nunca se esqueça de que só teremos uma sociedade minimamente equilibrada e segura se corrigirmos essas infâmias. Onde quer que você venha a atuar, jamais se conforme com essa realidade criada ao longo de nossa história excludente por essa elite vagabunda que ainda está no comando do país. É contra os valores dessa canalha que devemos lutar.

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