domingo, 1 de janeiro de 2017

O primeiro dia






     Ficamos  ontem  até  tarde  assistindo  a  um  filme, acompanhados por Pérola deitada a nossos pés. Minha mãe foi dormir mais cedo e minhas irmãs saíram. À meia-noite nos abraçamos, desejamo-nos feliz Ano Novo e saímos para ver os fogos. Sentamo-nos no meio-fio diante de casa e ficamos olhando para cima e conversando sobre o que fizemos neste ano, que foi bom para você e não muito auspicioso para mim. Mas o que importa é que a partir deste 2017 estaremos próximos e juntos em muitos momentos. 
     Nestas  semanas  juntos  em  Minas,  tenho  percebido em você uma antologia dos meus defeitos. Acorda com um humor não muito bom, reage a tudo com excessiva paixão, desafia sempre tudo o que cheira a autoridade (inclusive o pai), está permanentemente envolvido com várias coisas ao mesmo tempo (não se aprofundando muito em nada), possui uma seriedade às vezes excessiva, muita insatisfação com o mundo, teimosia etc. "Filho de peixe..."
     Na  semana  passada,  no  fim  de  tarde,  quando retornávamos de nosso futebol, o céu ficou carregado com nuvens de fogo. Viemos comentando a beleza das formas e das cores sobre nossas cabeças. E você fotografou algumas delas com a câmera que lhe dei como presente de Natal. Aqui está uma delas como uma metáfora de nossas paixões.
     Sabemos  que  nada  muda  numa  virada  de  ano.  Mas este momento acaba sempre por nos fazer avaliar o que passou e organizar planos para o que virá. Por agora e pelo que virá, meus planos são viver bem o presente, sem cultivar rancores nem esperanças de que as coisas se resolverão. Não há resolução em nossas vidas. Hoje minha noção de felicidade resume-se em saber que você está bem e em poder fazer as coisas que gosto de fazer. Estou hoje tendo essas duas coisas e estou em sua companhia. Portanto, estou feliz.

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