quarta-feira, 19 de março de 2014

Mais só

     Retornei hoje para casa no meio da tarde, por não estar me sentindo muito bem, apesar de ter alguns trabalhos para realizar em meu escritório na universidade. Nos últimos tempos, estive em choque com alguns alunos e com a chefia do departamento onde trabalho. Ando intolerante à mediocridade desses jovens e também da própria instituição. A seu ver, desde que formalidade banais sejam atendidas, tudo está bem, ainda que a qualidade do ensino e do debate intelectual seja pífia. Como tenho pouco freio nas palavras, fiz uso de alguns termos mais pesados para qualificar tais alunos e também a chefia do departamento durante o conflito. Assim, acabei me tornando orgulhosamente persona non grata para uma parte de colegas e alunos. 
     Felizmente o período em que dou aulas está bem perto de terminar, indo somente até o fim da semana que vem. Esse desencanto será compensado por um tempo em que poderei me dedicar mais a minhas leituras e também à escrita. Além disso, tenho algumas boas viagens programadas para os próximos tempos. Pela primeira vez estarei no Oriente por algumas semanas. Tudo isso me anima bastante. Entrarei nesse novo período de cabeça erguida e cheio de planos.
     Quero vê-lo também distante da banalização da vida, ainda que isso represente um choque permanente com os bem ajustados, os desanimados e os desanimadores. Sartre escreveu que "o inferno são os outros". É verdade, mas o paraíso também são os outros. Por isso, aproxime-se dos desajustados, dos anticonvencionais, dos que possuem uma visão poética do mundo, dos veementes. Estes são muito mais interessantes e colocam a vida antes dos formalismos. Converse muito com eles e aprenda a ver as coisas por ângulos inusitados. Nunca pense com um grupo ou um líder qualquer nem espose juízos massificados. Como diz um personagem de Ibsen numa de suas melhores peças, "o homem mais forte do mundo é o que está mais só".

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