domingo, 23 de março de 2014

Estes fragmentos

     Na pressa da vida moderna - que condeno -, tenho escrito eu mesmo estes fragmentos como uma voz a se manifestar no fundo de nossa separação. Gostaria de realizar algo mais denso ainda que bem-humorado, algo mais extenso que cobrisse aspectos mais amplos de nossa história ou de nossa atual "des-história". 
     Já nem sei se você me lê. Se o faz, não sei como minhas palavras repercutem sobre sua sensibilidade. Muito do que trato aqui sequer pode ser compreendido por um garoto de 9 anos, e talvez estas palavras sejam cartas para o futuro, quando você tiver mais consciência das coisas.
    Obviamente estes fragmentos poderiam ser melhores, caso eu pudesse desenvolvê-los mais e fosse melhor escritor. Porém no mínimo eles são expressão de um amor que sobreviveu intocado às infâmias às quais tive de fazer frente há alguns anos, bem como a ódios que quase me moveram a um ato de violência. Hoje, distanciado no tempo e no espaço, pude recuperar a serenidade e me livrar de alguns venenos que a vida nos inocula. 
     Sinto falta do Brasil e desejo retornar a São Paulo, mas sei que sou outra pessoa e que terei de me reajustar na volta, pois não mais caberei nos limites do que estava vivendo por aí quando parti. Muito especialmente teremos de lidar com nossa relação de pai e filho, que terá de ser recriada. E ao reconstituirmos nossa totalidade, estes fragmentos não precisarão mais ser escritos.

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